Greve parou a <i>Secil</i>

Os tra­ba­lha­dores da ci­men­teira de Se­túbal não aceitam que lhes sejam ne­gados au­mentos sa­la­riais quando a Secil e o Grupo Se­mapa dão lu­cros mi­li­o­ná­rios aos ac­ci­o­nistas.

A luta po­derá tornar-se ainda mais dura

«Se a Ad­mi­nis­tração queria fazer um teste, o teste está feito», co­mentou Fá­tima Mes­sias an­te­ontem, ao início da noite, quando con­firmou ao Avante! a ex­pres­siva adesão dos tra­ba­lha­dores à greve ini­ciada às 8 horas de terça-feira e que se pro­longa até à mesma hora de amanhã. A di­ri­gente da CGTP-IN e da fe­de­ração sin­dical do sector (Fe­viccom) sa­li­entou a pa­ragem total da pro­dução, quer no pri­meiro turno, quer no se­guinte, às 16 horas, e as­si­nalou ainda a pro­gres­siva pa­ra­li­sação, ao longo da manhã, dos tra­ba­lha­dores de em­presas pres­ta­doras de ser­viços.

«No pri­meiro turno, reu­nimos uns 70 tra­ba­lha­dores no pi­quete de greve, só no portão prin­cipal, e também es­tavam mais pi­quetes nas ou­tras en­tradas», re­latou, para dar uma ideia da força que a luta al­cançou, apesar dos sa­cri­fí­cios que re­pre­senta fazer greve. Por exemplo, «o forno parou às oito horas, mas as equipas do co­mando cen­tra­li­zado, que estão em greve e, por­tanto, não re­cebem estes dias, têm que se manter no posto de tra­balho, para as­se­gurar os pro­ce­di­mentos téc­nicos in­dis­pen­sá­veis para ga­rantir a se­gu­rança e a ma­nu­tenção das ins­ta­la­ções e dos equi­pa­mentos, porque isso é uma obri­gação legal».

Pre­vendo, sem he­si­tação, que os ní­veis de adesão se man­te­nham muito ele­vados e a pro­dução per­ma­neça pa­rada até ao final do pe­ríodo de greve, Fá­tima Mes­sias disse que o fu­turo de­pen­derá da po­sição da Ad­mi­nis­tração. «Podem tomar um ca­minho que leve ao agra­va­mento da luta, que po­derá vir a ser muito dura, mas não têm ar­gu­mentos para con­ti­nuar nos zero por cento», porque os re­sul­tados da em­presa, «mesmo que es­tejam abaixo das pre­vi­sões, são lu­cros de mi­lhões». Já o Grupo Se­mapa, que con­trolo o ca­pital da Secil, con­ta­bi­lizou 126,7 mi­lhões de euros de lu­cros lí­quidos (par­cela atri­buível a ac­ci­o­nistas) em 2010, mais 60,7% do que no ano an­te­rior, para tal con­tando com 25,3 mi­lhões da área dos ci­mentos.

Con­victos da justa rei­vin­di­cação de me­lho­rias sa­la­riais e firmes na de­ter­mi­nação de lutar por ela, os tra­ba­lha­dores da fá­brica do Outão vão reunir-se em ple­nário esta tarde. «Se ainda não houver res­posta da Ad­mi­nis­tração, terão de ser de­ci­didas novas formas de luta», afirmou Fá­tima Mes­sias.

 

Re­sul­tado na Por­tucel

 

Os tra­ba­lha­dores da Set Clean e da Ac­ciona, que tra­ba­lham em si­tu­ação pre­cária na pro­dução, na Por­tucel, em Se­túbal, ti­nham de­ci­dido ini­ciar ontem 32 horas de greve. Rei­vin­dicam me­lho­rias sa­la­riais, mu­danças nas ca­te­go­rias pro­fis­si­o­nais e no ho­rário de tra­balho, pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar, di­reito ao «prémio de lu­cros» da Por­tucel e in­te­gração numa em­presa deste grupo.

Em ple­nário, terça-feira à noite, de­ci­diram não re­a­lizar agora a greve, porque as em­presas mu­daram de ati­tude. O SITE Sul, da Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN, re­velou que houve «re­so­lução de al­guns pro­blemas e dis­po­ni­bi­li­dade para o diá­logo, por parte da Ac­ciona» e «dis­po­ni­bi­li­dade para a re­so­lução das rei­vin­di­ca­ções, por parte da Set Clean, que in­clu­sive já marcou reu­nião para o dia 1 de Março com a em­presa uti­li­za­dora (Ar­boser)».

O sin­di­cato re­gista que os tra­ba­lha­dores «sou­beram re­sistir e manter-se firmes nas suas rei­vin­di­ca­ções, tendo assim criado as con­di­ções para o diá­logo» – isto, «apesar de todas as con­versas dos re­pre­sen­tantes das em­presas, com chan­tagem in­di­vi­dual (para não deixar provas), pressão psi­co­ló­gica e re­tri­bu­tiva» que mar­caram o com­por­ta­mento pa­tronal até agora.



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